Queda do dólar é de curto prazo e não deve prosseguir, avalia Itaú Unibanco em relatório

Diferencial de juros leva o dólar a cair contra o real ao menor nível em três meses, mas sozinho não justifica cotação atual, diz banco

Dólar hoje: veja o desempenho da moeda norte-americana. Foto: Pixabay
Dólar hoje: veja o desempenho da moeda norte-americana. Foto: Pixabay

Mesmo com trajetória de queda do dólar para o real em 2025, do pico de R$ 6,30 em dezembro para R$ 5,69 na última sexta-feira (14), o Itaú Unibanco avalia que a apreciação do câmbio se limita ao curto prazo.

O diferencial de juros com o aumento da Selic e o começo mais ameno que o esperado pelo mercado financeiro do governo Trump ajudaram o real a ganhar força contra a moeda norte-americana. Contudo, em relatório, o banco mantém sua previsão de dólar a R$ 5,90 para 2025.

Receba no seu e-mail a Calculadora de Aposentadoria 1-3-6-9® e descubra quanto você precisa juntar para se aposentar sem depender do INSS

Com a inscrição você concorda com os Termos de Uso e Política de Privacidade e passa a receber nossas newsletters gratuitamente

O diferencial de juros por si só “não deve ser capaz” de apreciar ainda mais o real neste ano. “Os fundamentos ainda apontam para uma taxa de câmbio mais depreciada: esperamos que o risco fiscal continue em patamar elevado e que o dólar siga se fortalecendo globalmente”, diz o banco em relatório.

Fiscal impede valorização do real, diz Itaú Unibanco

O cenário fiscal ainda é o mesmo do pico do dólar. No ano, o dólar se desvalorizou 7,58% para o real. Na última sexta-feira, a moeda americana chegou a menor cotação desde novembro.

Últimas em Câmbio

Mas para o Itaú, parte da melhora do câmbio veio de um início de mandato de Donald Trump menos turbulento do que o esperado. Houve ainda na visão do banco um “adiamento, aparentemente temporário, do anúncio de certas tarifas”, o que ajudou a moeda brasileira a se valorizar.

Mas o principal efeito, diz a equipe de analistas macroeconômicos do banco, vem do “diferencial de juros”. Em janeiro, o Banco Central optou por elevar a Selic para 13,25% ao ano.

Apesar do alívio no curto prazo, o diferencial de juros sozinho não sustenta a taxa de câmbio abaixo de R$ 5,90, indica o Itaú.

O risco fiscal, por outro lado, levaria o dólar a subir porque continua elevado. O banco avalia que o governo federal não será capaz de cumprir com o teto da meta de déficit primário para 2025, de 0,60% do PIB. No lugar, deve entregar um saldo de despesas contra receitas primárias deficitária em 0,70%.

“Avaliamos que uma melhora mais consistente do prêmio de risco e dos ativos domésticos só ocorrerá com uma perspectiva de trajetória mais equilibrada da dívida pública à frente” dizem analistas do banco. “Uma alternativa complementar a contenção de despesas de curto prazo é apertar os parâmetros do arcabouço fiscal”, sugere o banco ao indicar ser necessário corte de R$ 35 bilhões.

Itaú: Fed não deve cortar juros nos EUA em 2025

Diante das políticas de Donald Trump, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) resolveu deixar os juros inalterados em janeiro. E o Itaú Unibanco acredita que a autoridade americana deve manter a estratégia durante todo o ano.

Em janeiro, o Fed manteve os juros em patamares de 4,25% a 4,50% ao ano. Foi este diferencial que levou o dólar a cair frente ao real. Jerome Powell, presidente do Fed, disse que a autoridade “não tem pressa” para cortar juros.

Isso porque o governo Trump tomou uma série de medidas que, na visão dos economistas do Itaú, são inflacionárias. A primeira sendo as tarifas sobre a China e a taxação global de 25% sobre aço e alumínio importados.

A tarifa de 10% sobre todas as importações chinesas, por exemplo, deve levar a um repasse de 0,2 ponto percentual em preços nos EUA. Ao mesmo tempo, as medidas de deportação e restrição a imigrantes também trazem riscos inflacionários, diz o Itaú Unibanco.

“A demanda doméstica continua forte, o ritmo de emprego deve continuar acima do seu ritmo neutro (aquele que deixa o desemprego constante), o que pressiona salários e a inflação”, apontam os analistas.

“Esperamos que os fatores elencados acima impossibilitem novos cortes de juros. E que o Fed ajuste sua comunicação indicando que os juros devem permanecer elevados por mais tempo”, conclui o banco.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.

Mais em Estados Unidos


Últimas notícias

VER MAIS NOTÍCIAS